Neuroarquitetura aplicada em vitrines atrai clientes e estimula compras

381

Arquiteto e urbanista, Lorí Crízel explica como essa ciência pode influenciar no interesse pelos produtos e nas decisões dos consumidores

Neuroarquitetura aplicada em vitrines atrai clientes e estimula compras - VITRINE
Conceitos da neuroarquitetura estão ajudando a tornar vitrines de lojas mais atrativas e eficientes (Foto: David Pereiras/Envato)

Em um universo de alta concorrência, um antigo elemento ainda faz, e muito, a diferença na decisão do cliente: a vitrine. E a neuroarquitetura, ciência que analisa os impactos do ambiente físico no comportamento humano, tem sido cada vez mais utilizada nos projetos de grandes grifes, promovendo uma “experiência emocional” e influenciando na tomada de decisões dos consumidores. “O impacto visual deve acontecer em menos de dois segundos para o consumidor. Então, a vitrine – seja por meio de uma promoção, cores dos elementos ou materiais usados – é o convite e a primeira parte da comunicação para trazer as pessoas para o interior da loja”, ressalta o arquiteto e urbanista Lorí Crízel (foto), especialista em neuroarquitetura.

Neuroarquitetura aplicada em vitrines atrai clientes e estimula compras - VITRINE1Presidente da Academy of Neuroscience for Architecture no Brasil e autor do primeiro livro do país sobre neurociência aplicada à arquitetura, design e iluminação, o especialista lembra que “ (…) Essa decisão (de compra) não está apenas ligada ao preço, mas também ao conceito emocional dessa experiência”.

O especialista ressalta que há uma valorização da experiência de se procurar um produto em uma loja física. “Pessoalmente, a visita ao local pode oferecer uma grande carga emocional. E, hoje, saiu a ideia de cliente fidelizado para se garantir um cliente satisfeito na relação entre as partes. Pois,enquanto estiver satisfeito, o consumidor manterá uma relação com aquela marca”, explica.

A era do “phygital” e da estética funcional

Crízel explica que vivemos a era do “phygital”, ou seja, a união dos universos físico e digital em uma única experiência aos clientes. Como exemplo, ele cita vitrines com recursos que filmam o cliente, espelham a sua imagem em uma tela e permitem que o consumidor, mesmo fora da loja, possa simular de modo virtual a ação de experimentar uma roupa. “No vitrinismo, começa a ser usado esse mesmo nível experiencial, com lojas que são expositoras de uma experiência e trabalham com uma interação com o público. Quem trabalha com vitrinismo tenta traduzir, a partir da vitrine, os valores de uma marca ao consumidor. Nesta interação, existe a busca por gerar uma ‘relação dopaminérgica’, na qual busca-se promover uma sensação de satisfação, retorno e recompensa”, explica o arquiteto.

A opinião é compartilhada pelo vitrinista Leonardo D’Avila, brasileiro que atualmente trabalha na área comercial da Givenchy, grife de produtos de luxo e joias, em Miami, nos Estados Unidos. “A loja física, além de ser super importante para quem prefere consumir dentro dela, precisa estabelecer uma conexão entre a marca e o cliente. É por isso que o visual merchandising (prática que valoriza produtos, marcas e o ponto de venda para atrair e estimular compradores) procura causar essas sensações relacionadas ao olfato, visão, tato etc. É a construção de um ambiente”, reforça D’Avila.